Minha primeira vez como pai: como tudo começou.

Minha primeira vez como pai: como tudo começou.

São Paulo, 08 de Março de 2018

Me lembro que foi uma Quinta-Feira chuvosa. Morávamos na Zona Norte da cidade de São Paulo e trabalhávamos na Zona Sul. É um trajeto com cerca de 25km onde, basicamente, você precisa atravessar a cidade e fazer isso em São Paulo, com chuva, é algo um tanto quanto complicado.

Tudo estava seguindo como de costume. Era o dia do nosso rodízio, saímos mais cedo, sintonizamos em nosso programa de rádio favorito na época, A Hora do Ronco, e seguimos viagem. Uma hora depois paramos para tomar nosso café da manhã, aproximadamente 45 minutos depois, eu desembarcava no Itaim Bibi e ela seguia mais alguns minutos até a região do Brooklin.

Era perto das 08h quando cheguei ao escritório. Acomodei minhas coisas na mesa e, como de costume, fui até a copa preparar um café expresso e abastecer minha garrafa de água para começar o dia. Era um dia chuvoso, a maioria das pessoas não havia chegado, hoje (2023) pode parecer comum mas à época era relativamente estranho ver o escritório daquele jeito. Minha mesa ficava ao lado da janela, lembro de ter tomado meu café apreciando o caos se instaurando no trânsito da Av. Presidente Juscelino Kubitschek.

Pouco antes das 09h recebo uma mensagem no WhatsApp.

“Olha isso, como aconteceu?”

Logo abaixo a imagem de um trecho dos exames laboratoriais que ela havia feito dias atrás. Esse trecho era sobre o hormônio Progesterona e seus valores indicavam gravidez.

Um contexto importante: Os exames em si eram parte de um programa para melhorar a performance nos treinos que ela estava fazendo. Sequer cogitamos gravidez naquele momento.

A informação veio de uma forma muito rápida e naquele instante minha reação foi do tipo: “Ah! Deve estar errado. Deve ser alguma variação que pode acontecer”. Fiz algumas pesquisas bem superficiais no Google e, de fato, apenas aquele fator não indica precisamente a gravidez. Ela disse que compraria testes de farmácia, naquele momento concordei e segui a jornada de trabalho normalmente.

Como era nosso rodízio, tivemos de esperar até as 20h da noite para voltar para casa. Combinamos de jantar pela região e demos carona para uma pessoa que trabalhava comigo.

Pouco mais 1h de viagem e chegamos em casa. Acomodei minhas coisas do trabalho no quarto e quando voltei havia uma caixa branca sobre a mesa. Dentro, dois testes de gravidez de marcas distintas, uma roupinha branca e um bilhete:

” Sei que foi inesperado mas temos um encontro marcado.
Ass: Baby
08/03/2018 “

Era um mix de felicidade e desconfiança. Confesso que ainda não acreditava naqueles testes de farmácia, minha opinião naquele momento era que a chance de um falso positivo era relativamente grande. À época tínhamos boas condições de vida para um casal, mas era um momento difícil e meio caótico. Eu viajava muito a trabalho e ela estava prestes a ser efetivada no emprego. Houve um breve momento de desespero mas no final sabíamos que iria dar tudo certo. Rimos, comemoramos e finalizamos o dia marcando um exame de sangue para confirmar se estava tudo certinho.